O núcleo de Campinas, do Grupo Semente do Jogo de Angola, comandado pelo Contramestre Danny, realizou no dia 26/8 a 2ª Feijoada do Semente. Nós, do núcleo Aeroporto/Interlagos, fomos em número menor, desta vez, mas a nossa energia estava bem representada pelo Contramestre Formigão, Simone, Nego, Nayla e Mathias.
Foto: Gabi Castilho/Semente - CDHU/Campinas |
Apesar do atraso, fomos muito bem recebidos pelo Contramestre Danny: “a roda começa agora”. E a roda fluiu muito bem. Filhos, netos e bisnetos de Capoeira do Mestre Jogo de Dentro vadiando juntos na pequena roda, adquirindo aprendizados mais que valiosos para a grande roda, que é a vida.
“Era eu, era meu mano, era meu mano, era eu”. Era Campinas com São Paulo, era São Paulo com Campinas. Contramestre Valmir com Nego, Toshiro com Mathias, Contramestre Danny com Nayla, Contramestre Formigão com Pedro, e muitos outros jogos bons de se ver entre Campinas e Campinas, Campinas e Limeira. Ê, sementeira!
Perto do fim da roda, logo no início de um jogo, o Gunga chama. Não, não havia nada de errado com o jogo. A chamada do Contramestre Formigão foi feita para anunciar uma ilustre presença. Duas, na verdade. Mestre Limãozinho, grande referência na Capoeira Angola, chegou acompanhado de sua esposa Rosinha, sambadeira de valor.
Foto: Gabi Castilho/Semente - CDHU/Campinas |
Como disse o Contramestre Danny, “quando Mestre chega, a roda começa de novo”. Antes de retomar a roda, Mestre Limãozinho fez uma fala curta e rica. Contou também que quase se perdeu na chegada, mas foi guiado pelo som do berimbau. O Mestre cantou uma ladainha de sua autoria e explicou que ela falava sobre mestres e educadores de Capoeira em geral, que se dedicam a ensinar seus alunos e, muitas vezes, acabam sendo traídos por eles.
Foto: Gabi Castilho/Semente - CDHU/Campinas |
Apesar do aval do Contramestre Danny para ir mais longe com a roda, Mestre Limãozinho preferiu respeitar o tempo programado e a roda durou apenas mais uns quinze minutos. Quinze minutos vira hora inteira, se tem mestre na roda. Além de cantar e ensinar da bateria, o Mestre ainda pediu licença para dar “meia volta” na roda com o dono da casa, o Contramestre Danny. Meia volta de mestre também é volta inteira. Mestre Limãozinho vadiou bonito, e cantando.
Depois da roda, a feijoada. Cheirosa, gostosa e motivo de muitos elogios à nossa anfitriã Gabi Castilho e às suas ajudantes. Alma alimentada pela Capoeira, corpo alimentado pelo feijão. Logo depois, a reunião entre os contramestres foi a deixa para os alunos de São Paulo, Campinas e Limeira confraternizarem fora da roda. Um bate-papo na frente do espaço acabou virando samba, quando o Mathias pegou o cavaquinho. Nosso medo era atrapalhar a reunião, mas aconteceu o contrário.
Foto: Semente - CDHU/Campinas |
Os contramestres gostaram do som e nos chamaram para continuar o samba lá dentro. A diferença é que, com Mestre Limãozinho, Contra Mestre Danny, Contramestre Formigão na bateria e com o sapateado da Rosinha, nosso sambinha virou coisa de gente grande. Mas, de um jeitinho mais modesto, a gente fez nossa parte também. Simone, Gabi e Nayla sambando, Mathias representando a cada “chora, viola!” que o Mestre Limãozinho mandava, Nego e a velha intimidade com o pandeiro, Toshiro que saiu (foi “saído”, na verdade) da bateria para correr a roda... Enfim, deu samba! Para fechar, Mestre Limãozinho cantou uma prece para agradecer os bons momentos e abençoar a casa.
E volta a feijoada. Dessa vez, como jantar. Início de noite, casa já quase vazia, afinal, o dia seguinte era uma segunda-feira, e o caminho de muitos era longo. O nosso também era, mas, sabe aquele parente que fica até o último minuto? Então... Um longo papo com o Mestre Limãozinho encerrou as atividades do dia. Mais uma Feijoada do Semente (núcleo CDHU/Campinas) bem sucedida.
“Quem nunca viu venha ver”, quem já viu venha ver de novo. A Capoeira é assim. Cada roda, cada evento, cada encontro, mesmo que não oficial, entre capoeiristas de diferentes gerações, traz muito aprendizado. É chegar com a humildade de quem nada sabe e com o interesse de quem muito quer aprender sobre essa herança poderosa que nos foi deixada. A Capoeira é infinita.
Foto: Gabi Castilho/Semente - CDHU/Campinas |
Se sentir em casa fora de casa é coisa que não acontece em qualquer lugar e não tem preço. Agradecemos ao Contramestre Danny e à Calça Preta Gabi Castilho por, mais uma vez, nos receberem com carinho. Mais importante que vestir a mesma camisa é praticar a mesma filosofia, encontrar sintonia e ter a oportunidade de viver belas experiências como a que tivemos em Campinas. É desse jeito que, através de ensinamentos, Mestre Jogo de Dentro se fará presente em cada evento nosso, mesmo que esteja longe, levando a nossa Capoeira pelo mundo.
Confraternização, aprendizado e troca. Sempre um prazer estar em família.