quinta-feira, 25 de outubro de 2012

3º Sarau da Madrugada - Um é teste, dois é ajuste, três é pra não parar mais

Um é teste, dois é ajuste, três é pra não parar mais. Chegamos à terceira edição do Sarau da Madrugada e nosso evento noturno começou a ganhar identidade. Cada um que chega é bem vindo e faz parte disso que está sendo construído.  Como ensina a ladainha, se for bem cultivado, dará "bom fruto e bela flor".

E foi com ladainha que a noite do dia 5 de outubro começou. Toda sexta-feira, a partir das 20h, tem Roda de Capoeira no núcleo Aeroporto/Interlagos do Grupo Semente do Jogo de Angola. Cada roda é uma, toda roda é especial. Mas, na primeira sexta-feira do mês, quando rolam os saraus, a roda ganha um público diferente, uma energia diferente. Sob o comando do contramestre Formigão, a roda fluiu com força, com belos jogos. Convidados especiais do sarau, Allan da Rosa e Paulo Henrique Sant’anna marcaram presença. Allan na bateria e na vadiação, e o Paulo só na "platéia", mas com toda a atenção e o respeito que uma roda de Capoeira pede.


Ferrán e Matthias ao pé do Gunga do contramestre Formigão

Terminada a roda, começa o samba de roda. Não tem mais platéia. Todo mundo samba, todo mundo canta e, com a interação e a energia lá no alto, começa o nosso sarau. Na condição de filho da casa e organizador do evento, Alan Zas tratou de abrir os trabalhos. 'Chão de Giz' no gogó e no violão, e estava aberta mais uma temporada de troca de energias e compartilhamento de cultura. Na sequência, foi a vez de Mike e Michele. Pense num casal entrosado. Um belo dueto, com direito a composições próprias, uma homenagem romântica de Michele ao marido e, depois da insistência do público por mais uma, 'La Bamba' para fechar.

 
Michele e Mike

Allan da Rosa, poeta e escritor, fez as vezes e foi o primeiro dos convidados especiais a se apresentar. Abriu logo com uma paródia do Hino Nacional. Cantou, com duras críticas, um país "esquartejado às leis do latifúndio". Dizem que não é de bom tom bater palmas após o hino, mas esse não tinha como não aplaudir. Antes de dar lugar ao próximo convidado, Allan da Rosa ainda largou mais alguns dos seus belos e fortes versos. Para conhecer mais do trabalho verseado e proseado desse moço veja aqui!


Allan da Rosa - "PM ou quilombola, escolha a sorte"
Até aqui, o cenário era o de sempre. O pelourinho colorido ao fundo, pintado pelo Matthias Zaeslin, os berimbaus, os bancos, violões, microfone, caixa de som... Eis que surge Paulo Henrique Sant’anna, contador de histórias, que, com tranquilidade, foi montando seu espaço. Cadeira com forro de fuxico, velas, chapéus, pandeiro e corda sobre uma colcha de retalhos, e o anúncio: "vou contar alguns causos para vocês".

 Como corpo que, de repente, passa a ser habitado por um novo espírito, o sereno e tímido Paulo deu espaço para a chegada de um camarada de olhar vivo, voz alta e sotaque de matuto esperto: "sou Chico Contador e uma história eu vou contar". E, nessa, o público já estava cativado. Mas, Chico queria companhia.  Colocou um chapéu na cabeça do André Cachoeira (que virou um dos compadres), outro na cabeça do Perninha (que virou o compadre Rico), uma corda na mão do Matthias (que virou o fazedor de corda) e pronto, a história já tinha mais três personagens.  Chico falou do peixe gigante, que "começava lá na Cupecê e ia até o final", contou mais dos seus causos e se despediu. Após os aplausos, foi tudo voltando: voltou o Paulo, voltou o público, que havia viajado para longe da realidade com a história, e voltou a ficar aberto o espaço para o próximo que se habilitasse. Chico Contador foi embora, mas deixou seus objetos de contação enfeitando as apresentações seguintes.


Chico Contador (Paulo Henrique Sant'Anna)

A primeira herdeira desse novo cenário foi a Vitória. A idade é pouca, mas o instrumento e o repertório são de gente grande. Uma folha de partitura solta na cadeira, o clarinete em mãos e 'Lamentos', de Pixinguinha, de presente para os nossos ouvidos. E, para não dizerem que a nova geração da música ficou sem representantes, o choro abriu passagem para o hip hop. Vinícius assumiu o vocal foi acompanhado por seus parceiros na execução de músicas compostas pelo grupo. Participação especial de Lucas Gomes, no violão, Alan Zas, no atabaque, e da galera, nas palmas. 
Vitória, partitura, clarinete e Pixinguinha

Vinícius e seus parceiros

Wagner Fellipe e Jerry Batista foram os últimos convidados especiais a "estrear" na madrugada. Com entrosamento semelhante ao de Mike e Michele (por motivos diferentes, veja bem), o músico e o artista plástico se apresentaram juntos, cada um na sua função. Wagner Fellipe no som, com violão e voz, e Jerry Batista no grafite, com uma caixa de papelão e alguns sprays. As músicas eram próprias, 'Azul grafite' e 'O tombo', com citação de 'Jesus Chorou', dos Racionais. A caixa, com o resultado final do grafite, se uniu aos objetos de contação de histórias do Paulo e ao retrato do Wagner, pintado pelo Matthias, durante a apresentação da dupla.
 
Wagner Fellipe no som, Jerry Batista no grafite

E foi com esse cenário novo que o Allan da Rosa voltou para dividir mais alguns dos seus escritos. Quem voltou também foi o Alan Zas, que se redimiu da tentativa frustrada do sarau anterior e recitou, com maestria, a letra da música "Ser ou não ser o que se é". Até o Chico Contador voltou.


Matthias finaliza retrato de Wagner, Allan da Rosa compartilha versos

O sarau tem só três edições de idade, mas já tem frequentadores fiéis. Rafa Emílio, presente e atuante em todas, assumiu vocal e violão e mostrou suas composições. O violão passou para o Milton, que logo avisou: "eu não canto assim em público", mas mandou uma bela canção sobre Iracema. A Aninha Garcia e o Rubens, do Sarau da Ademar, também chegaram junto. Foram dele os versos que ela recitou e foram dela as rimas improvisadas que empolgaram quem ali estava. O Mau Machado recitou seu "poeminha", que não tinha nome, mas ele sabia de cor. Acompanhado por Hélio, Vinícius voltou ao comando do microfone para cantar 'E Só', uma composição deles com um verso que casou com o espírito da noite: "hoje eu acordei querendo fazer diferente".
 
Rafa Emílio

Várias pessoas voltaram a se apresentar, novas pessoas apareceram para compartilhar e aconteceu o que rola sempre: cai o formato de apresentações. Músicos, contadores, poetas, artistas plásticos, espectadores se juntam para tocar, se juntam para ouvir, se juntam para dançar... E o Sol na espreita, ameaçando chegar. E chega. Sempre chega. Diferente dos nossos dois últimos encontros, não teve café da manhã na padaria dessa vez. Mas, a padaria está lá, nós estamos lá e dia 2 de novembro, data do próximo sarau, está logo aí.

Quem chega para somar está em casa. Cheguem e somem, notívagos!
                                  

Ferrán e Matthias

Pati e Vitória

Simone e Perninha


Marcos e Alan Zas

Nego e Allan da Rosa

Andreza e Nayla

Helena e Perninha

Marcos e Chindalena


Leandro Cobra e Ferran



Galera aplaude o Paulo Henrique Sant'Anna



Allan da Rosa

Não disse que o Chico cativou o público?

Chico Contador (Paulo Henrique Sant'Anna)


Matthias (fazedor de corda) e Perninha (compadre Rico)


Paulo Henrique - "Adivinha de que tamanho era o peixe?"

Chico Contador (Paulo Henrique Sant'Anna)

Helena e Pati

Cenário de contação de histórias do Paulo

Vitória



Vinícius


Wagner Fellipe canta 'Azul Grafite'


Jerry Batista cria ao som de Wagner Fellipe


Matthias faz retrato do Wagner, enquanto ele canta

Allan da Rosa volta a recitar



 


Alan Zas, a "redenção"

Segunda história de Chico Contador (Paulo Henrique)


Retrato do Chico Contador, por Matthias Zaeslin


Iamni no cavalete, Alan Zas no atabaque, Rafa Emílio no violão

Iamni - "voar, voar, voar"

Lucas Gomes

May e Chindalena

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