O Sarau da Madrugada deste mês foi um daqueles momentos que vêm para
nos lembrar de que a qualidade supera sempre a quantidade. Não parecia, mas a
casa estava cheia. Além dos capoeiristas, poetas, cantores, tocadores, atores e
outros artistas, que sempre somam às nossas madrugadas, estavam presentes também energias especiais, que se manifestaram por meio das mais diversas
expressões culturais.
Quem foi sabe: a noite foi mágica. Mas, para quem não foi, o blog do Semente traz em texto e fotos um pouquinho da vibração que vivenciamos no dia 10 (sexta-feira). O álbum completo com as fotos do evento está no perfil dosarau no Facebook. Nosso próximo encontro está marcado para dia 7 de novembro, com uma programação de peso.
Quem foi sabe: a noite foi mágica. Mas, para quem não foi, o blog do Semente traz em texto e fotos um pouquinho da vibração que vivenciamos no dia 10 (sexta-feira). O álbum completo com as fotos do evento está no perfil dosarau no Facebook. Nosso próximo encontro está marcado para dia 7 de novembro, com uma programação de peso.
Roda de Capoeira
O
Gunga soou para abrir os trabalhos ao toque de Angola. Toda Roda de Capoeira é uma nova história,
onde cada personagem é essencial e cada trecho é único e imprevisível. A única certeza
é a do aprendizado.
Alan Zas e Ferrán |
Prof. Castor canta para o C.M. Formigão e seu aluno Cobra |
"Vou-me embora, já é noite, eu não posso demorar" |
"Tem dendê, tem dendê..."
|
Samba de Roda
Como é costume da casa, ao final da Roda de Capoeira, outra
roda sagrada e enraizada na ancestralidade se inicia.
Rafael Emílio e Nayla Carvalho |
Muda a viola, mantêm-se os pandeiros e o atabaque. Mudam os trajes, permanecem o axé e a tradição.
Alan Zas e Cobra |
É o Samba de Roda que se apresenta na cadência da batucada, no sapateado, que faz rodar as saias das moças, e no "amassar de barro", que mostra o balanço dos rapazes.
Helena Canto |
E, assim como no sarau passado, o “Adeus, Adeus” ao final do samba foi mais um “até logo” que uma despedida...
"Adeus, adeus..." |
Sarau da Madrugada
Convidados especiais e microfones abertos
Ruan Veloso - Voz e Violão
Primeiro convidado especial da noite a se apresentar, o Ruan Veloso nos transportou do samba direto para o rock!
Em formato acústico, o Renan fez a galera que estava sambando improvisar novos passos ao som de Elvis Presley, Beatles e até Legião Urbana.
Depois de receber um sonoro “não” ao questionar se a galera queria ouvir uma “mais calminha”, a apresentação acabou com uma versão própria e agitada de ‘Pais e Filhos’, com direito a beat box e rap no meio.
Em formato acústico, o Renan fez a galera que estava sambando improvisar novos passos ao som de Elvis Presley, Beatles e até Legião Urbana.
O convite para participar do sarau veio de um fortuito encontro. O Contramestre Fábio Formigão o viu tocando em uma praça e logo o chamou para se apresentar na edição de outubro.
Depois de receber um sonoro “não” ao questionar se a galera queria ouvir uma “mais calminha”, a apresentação acabou com uma versão própria e agitada de ‘Pais e Filhos’, com direito a beat box e rap no meio.
OsRetirante - Poesia
É pelo impacto que a gente sabe quando OsRetirante vão
mandar a deles. Os olhos procuram o poeta que entoa os primeiros versos, em alto e
bom tom, mas o olhar logo se perde em meio à interação viva do grupo.
Mente e ouvidos no comando para captar cada mensagem. Poeta
Amadio, Robert Holanda, (Ras)Davi Rocha, Jean Gonçalves e Gilmar Ribeiro (Casulo), vindos direto do Projeto Clamarte, que rolou na mesma noite. Dessa vez, eles vieram
como convidados especiais, mas já são da casa há tempos.
E os versos, ora falados, ora cantados, ecoaram: “violetas,
rosas e margaridas resistem, apesar do árido da cidade cinza”, “quem jurou te
proteger atira em você”, “se a palavra tem poder, então reflita nela”, “pela
cidade, cheiro de rosa e jasmim”... Muitos deles reforçados pela galera, que
sabia de cor.
Segundo o Robert, foi a primeira intervenção completa do
grupo. Sobraram! Os meninos ainda participaram da apresentação seguinte, na
instrumentação, e, na segunda entrada, chamaram Arterima, Mano Money’s, Ko
Lombe e Samya Carvalho para somar.
Alexandre Mello & Gabriel de Almeida Prado
Os últimos convidados especiais da noite nos levaram de volta
à música. O Alexandre Mello, amigo da casa e integrante do Poema Novo, se apresentou ao lado do seu primo
Gabriel de Almeida Prado, um daqueles músicos de pouca idade e talento de
monte.
Alexandre e Gabriel |
No repertório, músicas autorais de harmonias e letras
envolventes. Algumas do Alexandre, algumas em comum e boa parte delas
compostas pelo Gabriel, que está para lançar seu primeiro disco, “A Língua e a
Alma”.
Gabriel |
“Anti-herói”, “Do Bolso”, “Infinito Labirinto”, “Escuridão
Também Conduz”, “Canção de Guerra da Tribo dos Caras Daqui”, “Eu Quero Uma
Notícia”, entre outras canções de uma bela leva de boas sacadas musicais.
Alexandre |
Quem quiser ouvir (de novo, ou pela primeira vez) o trabalho
do Gabriel, ele fará show com banda no dia 1º de novembro, na Casa das Rosas. No dia 6 de novembro, o Alexandre se apresentará pelo sarau Chama Poética no V Festival da Palavra UNESP Assis.
Apresentação de Capoeira - Teatro
O toque do Gunga silenciou a casa. Artisticamente
caracterizados, o Contramestre Fábio Formigão e seus alunos Perninha e Henrique
entraram no espaço tocando berimbau e pandeiros.
A Calça Preta Simone e à aluna Letícia assumiram os
pandeiros enquanto o contramestre, com o Gunga em mãos, recitava (e
representava) a ladainha “Dona Isabel”, do Mestre Toni Vargas. A canção desconstrói o mito de que a famosa princesa
libertou os negros escravizados.
“Abolição se fez bem antes e ainda há por se fazer agora, com
a verdade da favela e não com a mentira da escola”, diz a letra que foi entoada
por Formigão enquanto seus alunos faziam um jogo de Capoeira.
“Esse é um espaço que tem como base a Capoeira Angola. E, se
hoje acontece o Sarau da Madrugada, é graças ao contramestre”, explicou o Calça
Preta e mestre de cerimônias do sarau, Alan Zas. “A Capoeira faz parte da história da minha
vida como nordestino, baiano e negro”, completou o Formigão, que ainda deixou
um convite para a galera do sarau: “apareçam e treinem”.
Microfones Abertos
Em meio à costumeira timidez inicial, a Formiga tomou a também costumeira atitude e mandou uma dela: "a criminalização do aborto não salva fetos. A criminalização do aborto mata mulheres"
A Flávia Rosa cantou "Zumbi", de Jorge Ben Jor, acompanhada pelo coro
O Cocada, aluno do Mestre Limãozinho, cantou uma chula de João do Boi para falar da seca: "meu Santo Antônio, eu quero água, quero água pra eu beber"
A Graciana Camacho leu dois poemas do livro 'Mulheres', de Eduardo Galeano
O Tiago Morais cogitou falar de eleições, mas decidiu mandar "uma mais positiva", sobre a natureza, "para manter a energia"
O Mano Money's cantou um RAP: "a beleza de sentir, de gastar sua sinceridade"
A Grazi mandou um som sobre a favela, que "sorri sem ter porquê" e depois mostrou uma música de Capoeira que ela compôs
O Bibo Quesada, organizador do Sarau do Vinil, fez uma dele e convidou a galera para a edição de outubro, que rolou no dia 16
O Luiz Paulo representou o Semblantes e mandou uma também
O David veio direto do Clamarte e recitou a música "A Cidade", de Chico Science
A Débora Marçal lembrou de 'Sexo e as Negas' e dedicou à Elisa Lucinda, que defendeu a série, uma poesia da própria poetisa: "todo mundo erra e acho que ela está um pouco confusa. Eu vou lembrar quem ela é...", disse antes de mandar "Lua Nova Demais"
A Carmem recitou "O Grito", de Jenyffer Nascimento. A poesia integra o livro "Terra Fértil", que será lançado no dia 30 deste mês, na Ação Educativa, e no dia 7 de novembro, no Sarau da Madrugada!
A Elaine, do Aloha Açaí, cantou "Oração", de Aureliah Milagres, para lembrar a seca que estamos vivendo em São Paulo
Figurinista da Capulanas Cia de Arte Negra, a Shirley Rosa recitou e depois deu um show à parte dançando
O Vitor chegou com as Capulanas. Estava tímido, mas cantou bonito para o sarau ver
O Jefferson Santana atendeu aos gritos de "perigo!" e mando uns versos piriguistas de seu livro "Pétalas e Pedradas"
RasDavi - "mãe África, espírito de luta, mãe África, uma nova dimensão"
O Márcio aproveitou o tema da falta d'água e recitou uma dele, "Céu de Sangue", com um trecho de "Asa Branca"
A Ko Lombe rimou amor em francês para a sua "írma" Samya, que retribuiu e ainda mandou um RAP próprio
O Shidon foi de Bukowski: "há um pássaro azul no meu coração que quer sair"
Com os contramestres Toicinho e Pingo na casa, o Samba de Roda, que chegou a se despedir no "Adeus, Adeus", voltou naturalmente
E ainda contou com Neide Nell (foto) e Helena nos vocais
Samya e David no Samba de Roda
E, como já virou costume, do Samba de Roda fomos para o Afoxé
Dançamos de frente para o Pelourinho, pintado na parede, e nossa madrugada terminou como a noite havia começado: com a casa cheia de energias boas, prontas para contagiar capoeiristas, poetas, músicos, sambadeiras, atores... esse povo que manifesta arte, sabe?
Dia 7 de novembro tem mais! Até lá, notívagos!
Veja mais fotos do sarau de outubro: