domingo, 21 de maio de 2017

Sarau da Madrugada de Maio/2016 - festejar o que é de verdade!

"Não para comemorar, mas para denunciar uma vez mais a mentira cívica que essa data representa" (Abdias Nascimento)

Fotos: https://tinyurl.com/lwskc2c

O a edição de maio do Sarau da Madrugada caiu em pleno dia 13. A data é simbólica no calendário oficial, mas sabemos bem que n
ão há nada para celebrar nesta data quanto à liberdade do povo negro, já que essa liberdade ainda não foi conquistada. Mas, todo Sarau da Madrugada é uma grande festa e esse não foi diferente. Afinal, para além da mentira cívica, tínhamos motivos para celebrar algo verdadeiro: o aniversário da Calça Preta Simone e da Nayla, alunas do grupo Semente do Jogo de Angola e integrantes da organização do Sarau da Madrugada. Mulheres na luta e na resistência pela Capoeira e pela Cultura! 

Ao longo da noite, outros aniversariantes parceiros de luta apareceram para celebrar junto, recebemos visitas ilustres, a Roda de Capoeira esquentou, o Samba de Roda ferveu, a poesia fluiu, a batucada comeu solta e a festa foi longe. Nem a chegada do Sol brecou a gente. E, como um mês passa voando, amanhã tem muito mais no Sarau da Madrugada + Arraiá do Semente! Festa em dobro! Com muita quentura pra afastar o frio. Traz o casaco que a canjica, o quentão, o vinho quente e o FERVO a gente garante. ;)  

RODA DE CAPOEIRA E SAMBA DE RODA

A Roda de Capoeira foi mais que especial! Tivemos a honra de receber o Mestre Bigo (Acadêmia de Capoeira Angola Ilê Axé) e o Mestre Zequinha (Escola de Capoeira Raiz de Angola, Piracicaba). Mestre na Roda é sempre uma oportunidade única de aprendizado. Acompanhados por seus alunos, os dois jogaram, cantaram e enriqueceram a Roda com muito axé. 

Contamos também com a presença de camarás de outras famílias de Capoeira, como Angoleiro Sim Sinhô e Nova Geração de Angola, e visita direto da Nova Zelândia. Jogos bonitos, grandes aprendizados e muita energia para alimentar corpo, mente e alma de quem ama a Capoeira Angola.


Na sequência, veio o Samba de Roda. Começou devagarinho, foi esquentando aos poucos e atingiu aquele ponto de só parar porque deu a hora. Senão... No sapateado miudinho, abrimos caminho para as outras artes que ali se manifestaram naquela noite.

MICROFONE ABERTO

No microfone, poesias e músicas fluindo. Integrantes de saraus irmãos, parceiros de luta, camaradas de Capoeira, família toda reunida pra curtir a madrugada. 

O axé sempre se faz presente no nosso sarau, mas estava ainda mais forte desta vez. Quem é de sentir, sentiu. Mais que uma reunião de pessoas queridas, rolou uma reunião de energias incríveis. 

Os tambores reagiram e falaram alto a noite toda, embalando os cantos e a dança, silenciando apenas para ouvir as poesias.  


CONVIDADOS ESPECIAIS

Umoja

Ao soar do agogô, o pandeiro, a alfaia, as congas e outros instrumentos foram se apresentando um a um. Com a bateria formada, os dançarinos foram chegando, num passo lento e cadenciado, tomando o espaço e os olhares atentos. Abriram os trabalhos cantando para Exu e seguiram saudando os Orixás.

"Tempos terríveis nos aguardam, senhoras e senhores", disse Euler. "Rezamos e sambamos", completou, antes de emendar um coco que colocou todo mundo para dançar. E o grupo foi emendando um som no outro, sem dar trégua pra esfriar.

A batucada rolou bonita e os pedidos de bis conseguiram prolongar um pouquinho mais a apresentação. O grupo agradeceu e convidou todos para Noite dos Tambores.


Odilon Soares e Banda

Rolou um intervalo poético entre a apresentação do UMOJA e a do Odilon Soares, mas o músico abriu a participação dele na mesma vibe boa do grupo anterior, cantando "É D'Oxum, acompanhado por Eliel Franklin (violão e voz) e Danilo (cajón e conga). Vendo o pessoal sentado, ele parou. "Vocês sabem quem é mamãe Oxum? Então, levanta!", e retomou a canção, intercalando com "Caminhos do Mar", para Yemanjá.

A partir daí, veio Jorge Ben Jor, Clara Nunces, Djavan, Ivan Lins, Gil, Ed Motta e, para encerrar lá no alto, "Taj Mahal" e "Descobridor dos Sete Mares" intercaladas.

Depois da apresentação, o Franklin, que mora em Fortaleza, voltou ao microfone e falou sobre o Sarau da Madrugada: "essa energia é contagiante demais e o Brasil precisa disso. Em são Paulo, o negro olha no olho do branco. Em outros Estados, isso ainda está muito errado. Ele se sente inferior. Essa força do negro em São Paulo precisa ser divulgada".

Lisandra Borges

Integrante do Umoja, a Lisandra voltou ao "palco" do sarau para se apresentar novamente, agora com poesia. Mandou logo a primeira, em alto e bom som: "eu não me envergo mais pra branquitude que me açoita! (...) Eu altero a voz sim, e me imponho contra você. (...) Machista, racista, sobre nós não vai passar!".

Na sequência, mandou uma falando de amor e uma que está no livro do Sarau Preto no Branco, que acontece sempre no último sábado do mês. "Pela fase que a gente tá vivendo, a gente tem que fazer o que a gente gosta mesmo: dançar, pixar, grafitar.. Senão a gente pira", comentou.

Ela ainda recitou uma poesia falando que o lugar da mulher é onde ela quiser e finalizou cantando.   










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