quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Sarau da Madrugada de Novembro - Ancestralidade e Resistência

Na noite do dia 6 de novembro, mês em que se celebra o Dia da Consciência Negra, o Sarau da Madrugada, que já é famoso por abrir espaço tanto para as antigas tradições quanto para as novas expressões culturais, reuniu manifestações diversas de ancestralidade e resistência, da Capoeira Angola ao RAP, em uma noite rica em informação, manifestos, cultura e arte.




RODA DE CAPOEIRA E SAMBA DE RODA

Sob o comando do Contramestre Formigão, a Roda de Capoeira contou com a presença de alunos e professores do Grupo Semente do Jogo de Angola São Paulo (que organiza o Sarau da Madrugada), amigos e irmãos de outras famílias de Capoeira, visitantes que tiveram a oportunidade de assistir à nossa roda pela primeira vez e até do capoeirista Jesus, da Nova Zelândia, que acompanha o Semente há muitos anos. 






O Samba de Roda rolou na sequência. A energia dos tocadores e das sambadeiras já dos deram uma prévia da força que o nosso sarau teria. Poetas, atores, contadores de história, músicos e outros artistas foram chegando e mostrando seu sapateado no Samba de Roda, manifestação cultural muito tradicional no Recôncavo Baiano. 





MICROFONES ABERTOS

Com o microfone aberto, o pontapé inicial foi dado pelo Alan Zas, Calça Preta do Semente do Jogo de Angola e organizador do Sarau da Madrugada, ao lado da Nayla Carvalho. E ele abriu logo com "Todo Camburão Tem um Pouco de Navio Negreiro", emendando o som da banda O Rappa numa fala importante sobre a situação do negro no Brasil: "O Brasil tem 515 anos, 300 e poucos foram de escravidão. Não houve nenhum tipo de reparação social aos que foram escravizados, nem para os descendentes. Para que haja igualdade de fato, é necessário ter equidade (...). O discurso de 'somos todos iguais', muitas vezes, é usado por racistas que falam em igualdade, mas não querem a equidade. Tem gente que usa por ignorância, mas tem muitos que usam por maldade". 





A partir daí, não teve volta. Das poesias às performances corporais, foi pedrada a noite toda! Vale o destaque para a Dandara (com pouca idade e muita consciência), recitando a música "Culpa Minha?", da Bê O, e para o Contramestre Formigão fazendo uma intervenção de Capoeira, cantando uma ladainha e um corrido sobre a história de Zumbi dos Palmares. 





CONVIDADOS ESPECIAIS

Tula Pilar

A poetisa Tula Pilar, primeira convidada especial da noite a se apresentar, abriu sua participação no sarau dizendo o quanto acredita na juventude, que também está lutando para superar as desigualdades que vivemos. "Sou vendedora de Ocas (revista), poetisa e mãe". "Eu queria que não precisasse ter Consciência Negra". 



Depois de recitar a poesia "Ancestralidade", com performance e dança, acompanhada pelo contramestre Pedro Peu nos tambores, a Tula falou sobre seu brilho e apontou na plateia negras e negros "que vieram para brilhar".



Mais tarde, de volta ao "palco" do sarau, a poetisa mandou uma poesia erótica e falou sobre o quanto foi reprimida em outros espaços por se expressar dessa maneira. No Sarau da Madrugada teve foi palmas! Muitas palmas!



Rodrigo Basan

Fazia tempo que o Sarau da Madrugada estava xavecando o Rodrigo Basan pra ele vir mostrar o trabalho dele por aqui oficialmente. Músico, cantor e compositor, ele já havia dado uma palhinha num final de sarau. 



Mas, dessa vez, ele veio pra valer e o resultado foi o esperado: todo mundo na "pista" dançando e cantando.

O Rodrigo começou com "Juízo Final" (Nelson Cavaquinho), passou por "Dança da Solidão" (Paulinho da Viola), "Saudosa Maloca (Adoniran Barbosa) e "É Isso Aí" (Sidney Miller), e depois mandou um tanto de Tim Maia! Teve gente se acabando na pista (né, Paulo? <3 ).   



Nossa Conferência

O encontro do Sarau da Madrugada com o grupo Nossa Conferência aconteceu poucos dias antes daquela madrugada boa. O sarau e o MC Besouro Anêmico, acompanhado pelo MC Profeta, foram convidados da 35ª edição da Rádio Tambor e dividiram espaço e conhecimentos no palco do programa. Ainda não viu como foi? Dá uma clicada AQUI para assistir à entrevista na íntegra. 



O Besouro Anêmico pediu licença para chegar e, no clima do sarau, iniciou a apresentação recitando a poesia "A Madrugada". E abriu os trabalhos: "a gente vai compartilhar um pouco da nossa arte com vocês". Começaram à capella e, um pouco depois, entrou o beat box. A base entrou por último e veio só para completar o som que a galera já estava curtindo muito. Confere aqui um resumo do que foi o show:


   Vídeo postado pela página da Nossa Conferência no Facebook

                                      

FORRÓ E SAMBA-REGGAE


Apesar da dureza das palavras usadas em versos de protesto e contestação, não faltaram oportunidades de amolecer e alimentar o corpo com dança. Além do Samba de Roda e do som dos convidados especiais, rolou também um forró e o tradicional Samba-reggae do Semente pra gente esgotar as últimas energias e ir embora para casa de alma, mente e corpo renovados! Virar a noite nessa pegada toda não é pra qualquer um, mas sempre vale a pena! 





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